Thursday, March 15, 2012

AI! O QUE EU FAÇO?

Estava na cidade de Dubai aguardando a conexão para o Brasil quandoadormeci na sala de espera do aeroporto e tive um estranho sonho. Nãosonhei com o dia em que a terra
parou, embora seja tentado a pensarque ela já parou e nós continuamos nos
movimentando. Aliás, essaquestão de movimento , às vezes, me faz pensar.
Aumentamos a cadadia o ritmo de nossas vidas sem nos perguntar para onde
estamos indo.A liberdade de movimento em nossa época nos enclausura em um
movimentosem propósito!Sonhei, ou acho que sonhei, que chegava em um
país e no aeroportocentenas de pessoas aguardavam por alguém que se tornara
celebridade.Em sua bagagem trazia o incrível feito de ter ido e agora
estarvoltando. Acordei com o sistema de som do aeroporto anunciando
oembarque. Em seguida alguém me pergunta se eu era árabe, ao querespondi
que era brasileiro. O interlocutor, visivelmente animado,disse que conhecia
uma música do meu país: “Ai se eu te pego...”,totalmente estranha para mim
até então. Pensei, grande sinal deminha existência, que preciso me
atualizar!Embarquei e adormeci novamente para continuar o sonho. Gosto
decontinuidade que até sonho procuro continuar. Nesta nova etapa dosonho
eu estava em outro país e todas as emissoras de televisãodisputavam para
entrevistar uma celebridade que tinha ido e agoravoltava. Na verdade me
pareceu um pouco confuso o fato de a própriaentrevistada não saber
exatamente a origem de sua fama. Os sonhospareciam se cruzar quando fui
despertado pelo aviso de turbulência.Decidi não sonhar mais! Durante o
restante da viagem preencheria otempo com leituras e filmes. Viagem longa é
como devorar um elefanteadulto: “uma mordida de cada vez”.Nos próximos
dias a minha mente seria inundada pelo som frenético de“Ai se eu te pego...”
nos intervalos comerciais das entrevistastelevisionadas daquela que foi e
voltou. Descubro, então, que meussonhos não eram sonhos mas tinham virado
pesadelo nacional. Ou, seilá, se meus pesadelos tinham virado sonhos. Já
nem sei se sonhei. Aidade está me deixando confuso. A resposta que dera ao
interlocutorno aeroporto de Dubai: “Eu sou brasileiro!” teria me tornado
cúmplicedessa situação?Um jornalista tenta me consolar dizendo que tudo
terminaria bem e queo nosso povo já tinha sido mais inteligente. Quando
estou tentando meconvencer disso sou surpreendido pela descoberta de que os
portuguesesnão eram menos inteligentes do que nós e que eles tinham
conseguidoprovar isso reunindo 300 mil pessoas embaladas pela versão de
umamúsica brasileira batizada com o título: “Ai, não nos
calam”,“dedicada à luta contra o desemprego, a precariedade, os
baixossalários e a política de austeridade que recai de forma pesada
sobreos trabalhadores deixando intocadas as fortunas e o capital".A
minha alegria foi curta pois sou informado a seguir que estavafazendo
grande sucesso a versão “gospel” da referida canção.Entre sonhos e pesadelos
a realidade diante de mim me leva a exclamar:“Ai, o que eu faço ?”.

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