Monday, February 21, 2011

SEXUALIDADE & ESPIRITUALIDADE
*Luiz Correa
“Assim Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Macho e femea os criou” (Gênesis 1.27)
Nas ultimas edicoes falei acerca de feminilidade e masculinidade.Feminilidade e masculinidade são dons de Deus. A intensa atração de um pelo outro, o desejo de união, é interpretado pelos místicos como desejo de união para ter a imagem de Deus. Somente a união dos dois reflete a imagem de Deus. O teologo Richard J. Foster comenta: “Nossa sexualidade humana – nossa masculinidade e feminilidade – não é apenas uma forma conveniente de manter a continuidade da raça humana. Não, ela está no coração de nossa verdadeira humanidade. Existimos como homem e mulher em relacionamento. Nossos impulsos sexuais, nossa capacidade de amar e sermos amados, estão intimamente relacionados ao fato de termos sido criados à imagem de Deus.” Muitas cerimonias de casamento culminam com as palavras: “O que Deus uniu nao o separe o homem!”. Que assim seja!Em toda Bíblia o amor entre homem e mulher, a atração entre ambos, é figura do amor de Deus pelo seu povo.
“Serás uma coroa de esplendor na mão do SenhorUma tiara de realeza na palma da mão do teu DeusNào dirão mais de ti: "Abandonada"Nào dirão mais à tua terra "Desolada"Mas te denominarão "Nela meu prazer"E a tua terra "a Desposada"Pois o Senhor em ti encontrará seu prazerE a tua terra será desposada.Com efeito, assim como o jovem desposa a noivaTeus filhos te desposarãoE com o entusiasmo do noivo pela sua prometidaO teu Deus estará entusiasmado por ti.” (Isaias 6:,3-5)
Infelizmente em determinado momento da historia da Igreja essa uniao de macho e femea, homem e mulher, foi intepretada nao como algo efetuado por Deus mas, como o pecado original.
A separação entre sexualidade e espiritualidade teve seu marco com o pensamento grego - privilegiando a mente, o intelecto, o corpo ficou em segundo plano. O pensamento foi considerado superior, e o acesso ao que há de mais supremo será pelo raciocínio. O corpo ficou como acompanhante frágil, que se interpõe, com suas paixões, que quebra a harmonia estabelecida pelo pensamento.
Este pensamento infiltrou-se pouco a pouco no cristianismo, tendo seu apogeu com Santo Agostinho. Para ele, a libido sexual é inimiga da vontade e da liberdade, atrapalha o homem na sua devoção.
Richard Foster diz “Uma das verdadeiras tragédias da história do cristianismo tem sido o divórcio entre a sexualidade e a espiritualidade. Esse fato é tanto mais lamentável por a Bíblia apresentar um conceito de tão alta celebração da sexualidade humana”.
Talvez seja este o tema mais controverso dentro das Igrejas. Afinal, o pulpito e um lugar muito santo para ser falar de sexo, dizia-se antigamente, e mesmo quando abordado a influencia da visao religiosa-ascetica nao permite isencao. No entanto, tambem e o tema que mais afeta os relacionamentos entre casais. Para alguns, o dinheiro deveria ser colocado em primeiro lugar. Entao, temos dois assuntos “mundanos” “carnais” roubando a saude emocional e relacional dos cristaos.
Proporcionar uma visao de sexualidade nao dissociada da espiritualidade e um desafio para a Igreja.
*Licenciado em Filosofia, Habilitado em Psicologia e Historia (Brasil); Especializado em Logoterapia pela Universidade da Africa do Sul; Associado Academico do Viktor Frankl Institute of Logotherapy (USA); Ministro Evangelico vinculado a AFMI (Apostolic Faith Mission International). No Brasil e membro fraterno da Convencao Unida Brasileira.

Thursday, February 10, 2011

NUS E DESAVERGONHADAMENTE HOMENS!


*Luiz Correa

“ Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” (Genesis 2:7)

A frase-titulo desta edicao de “Uma Pitada de Sal” foi a frase de encerramento do artigo da edicao anterior em que tratei do tema “As mulheres encontram o poder e as ruas perdem a feminilidade”. Confesso que eu mesmo fui impactado com a frase e passei a cultivar essa nudez sem vergonha !!! A nudez do autor teve sua apoteose quando as palavras fluiram, sem censura, e expuseram publicamente a sua condicao de homem!
Afirmei, no artigo citado, que tenho grandes e boas amigas e foi uma delas que me enviou o seguinte texto:
“Hoje as ruas estão assim, sentindo falta da feminilidade das mulheres.
E as mulheres estão nas ruas, sentindo falta da verdadeira masculinidade, não nas ruas, mas em suas casas.”
Exposto publicamente e agora desafiado pela procura em mim mesmo da masculinidade que me perpetuaria o direito de ser: NU e DESAVERGONHADAMENTE HOMEM!
Fui gerado e educado por uma mulher. A presenca masculina nao esteve presente em meu desenvolvimento! Entao, coube a mim mesmo a aventura, nada facil, de me tornar um homem do qual viesse a me orgulhar. Nao completei ainda a tarefa. Mas, no decorrer da caminhada descobri que masculinidade nao significa machismo e que SER homem baseia-se tambem em demonstrar sentimentos, poder amar e se emocionar publicamente sem constrangimento. Ora, se o proprio JESUS, o homem por excelencia, se emocionou e chorou publicamente como nos curvaremos a imposicao de que homem nao chora? Parafraseando Pablo Neruda: Confesso que chorei! Confesso que apresento um grau maior de sensibilidade, ao inves de agressividade! Confesso que amei e nao desisti ainda de amar! Confesso que nao me adapto ao modelo de homem tradicional (hipocrita) e que busco viver a minha masculinidade da maneira que entendo ser biblicamente humana e humanamente biblica!
Nao sou um metro-sexual, sujeito da cultura do consumo e da imagem, personagem central de uma sociedade calcada tiranicamente no consumo, que procura criar uma cultura cada vez mais voltada para os produtos cosméticos, estéticos, para o mundo da moda e para o culto à imagem do corpo, “um produto fetiche que serve às demandas e necessidades do mercado da imagem e do consumo, encerrando o “novo homem” em mais uma identidade, na qual ele não teria condições de assumir as conseqüências de uma sociedade herdeira do capitalismo tardio e das tecnologias do ser”.
Masculinidade, entao, nao pode ser expressa em centimetros ou quilogramas! Antes, a expressao da mesma se realiza na capacidade de superacao da condicao de macho a de homem. Deus criou o macho e formou o homem!
O homem oferece o lado a mulher como no ato da criacao. Caminha com ela sem enxergar apenas a femea. Encontra nela amizade e cumplicidade e retribui com generosidade o que recebe.
Nao se envergonha de sua condicao de homem e, por isso, se desnuda desavergonhadamente. Aquela que caminha com ele sente a gentileza de sua forca e a forca de sua gentileza. Compactua da forca de suas verdades e desfruta da verdade de seus sentimentos.

*Licenciado em Filosofia, Habilitado em Psicologia e Historia (Brasil); Especializado em Logoterapia pela Universidade da Africa do Sul; Associado Academico do Viktor Frankl Institute of Logotherapy (USA); Ministro Evangelico vinculado a AFMI (Apostolic Faith Mission International). No Brasil e membro fraterno da Convencao Unida Brasileira.

Friday, February 4, 2011


AS MULHERES ENCONTRAM O PODER E AS RUAS PERDEM A FEMINILIDADE!
By Luiz Correa
“Ora, um e outro, o homem e a mulher, estavam nus e nao se envergonhavam.” (Genesis 2:25)Um traço que marca minha personalidade é me justificar ainda mesmo antes de expor um pensamento. Creio que se trata da busca (ingloria) da certeza de que nao serei mal interpretado, resultado de muitos anos vivendo como “estrangeiro” quer seja em meu proprio pais ou fora dele. Na verdade quando voce se muda de bairro, cidade, estado ou pais isso faz de voce, de certo modo, um estrangeiro e nesse contexto e sempre um grande desafio expor suas ideias. Sou um “ser urbano”, nasci e vivi minha adolescencia e a maior parte de minha juventude em um centro urbano. Aprendi longe do meu lugar , “exilado” pelo chamado ministerial, que a urbanidade nos torna mais compreensivos, flexiveis a mudancas e a conviver com as diferencas. Viver em um centro urbano e um exercicio de negociacao de espaco quer seja o assento no trajeto do metro, ou das ideias no ambiente de trabalho, escola ou universidade. Crendo ja ter ganhado a simpatia do leitor e, principalmente, da leitora lanco-me na aventura de colocar uma “pitada de sal” no tema: “As mulheres encontram o poder e as ruas perdem a feminilidade!”.O poder, historicamente, sempre foi um exercicio masculino e esta afirmacao nao e fruto de uma visao machista do mundo. Justificando-me mais um pouco quero deixar claro que sempre tive grande simpatia pelas mulheres e tenho grandes e boas amigas. Aos jovens digo que e melhor ter uma boa amiga do que uma ex-namorada!. O Mestre Jesus exerceu o seu ministerio cercado de mulheres, fato que ja levou mentes pequenas a atribuir-lhe casos de amor com suas discipulas. Os apostolos e profetas as tiveram como parceiras em suas caminhadas ministeriais. Com o advento do movimento feminista as mulheres passaram a disputar o espaco ate entao “destinado” aos homens o que causou grandes mudancas no contexto social e familiar nas ultimas decadas. As mulheres ,mais e mais, se afirmam em todas as areas da sociedade enquanto estudos mostram que os homens atualmente buscam uma “redefinicao” do seu papel. Nos ultimos anos, em diferentes paises, as mulheres tem assumido os cargos “maximos” de suas nacoes quer seja como Presidentes, ou Primeiras-Ministras. Usei o termo Presidente deliberadamente pois somente seria coerente usar Presidenta se os homens fossem chamados de Presidentos. Nao se trata de nenhuma novidade afirmar que em muitos casos o exercicio de certas funcoes “masculiniza” a mulher. Poderia citar alguns exemplos mas nao quero ser acusado (Ah! Meus tracos de personalidade!!!!) de algum tipo de preconceito. Na igreja o surgimento de Pastoras causou grande polemica em um passado nao tao distante assim e hoje multiplica-se o numero de Bispas e Apostolas. A Africa que tem uma caracteristica conservadora em termos de costumes ja apresenta sinais evidentes de que as Presidentes surgirao tambem por aqui e nao serei eu o porta-voz de um consevadorismo machista. Se as mulheres estao encontrando o poder me parece que as ruas estao perdendo a feminilidade. Esta e a constatacao nao de um filosofo, teologo ou professor mas, antes, de um homem que sempre apreciou o que de mais belo Deus concedeu a mulher: a feminilidade. Por mais esforco que possa fazer uma mulher ela nao tera forca masculina. O que o mundo talvez esteja buscando e a tentativa de mesclar ao poder a sensibilidade e beleza feminina. Nao e este um apelo para que mulheres deixem de ser Presidentes, Primeiras-Ministras, Apostolas, Bispas ou Pastoras mas que, PLEASE ,continuem sendo belas, sensiveis e femininas. Que as mulheres nao se envergonhem de sua feminilidade no exercicio do poder. Aos homens digo eu, nao o Senhor, que estamos vivendo em um tempo maravilhoso de oportunidade onde podemos exercer nossa masculinidade sem o artificio ilusorio do poder! Nus e desavergonhadamente homens!

Thursday, February 3, 2011


SPEACHELESS!
(by Luiz Correa)
A palavra sempre teve imensa importancia em minha vida. A palavra em todas as suas expressoes quer a falada, escrita, musicada, a palavra gestual, a palavra escondida atraves de simbolos silenciosos.
Muitas vezes a eloquencia do silencio tambem causou impacto tremendo em minha caminhada existencial. Pentecostalmente desprezado, o silencio precisa ser redescoberto em sua capacidade de elevar a nossa espiritualidade. O silencio da alma desafiada pelas realidades da vida e que nao encontra os sons capazes de descrever os seus reconditos traz dentro dele o enigma do SER que deseja expressar-se em sua totalidade.
Silenciar pode ter multiplos significados.
Neste momento me soa estranho tentar elucidar em palavras, sons escritos, os significados do silencio!
Silenciar pode significar desde reverencia diante da eloquencia do outro ate o cansaco do argumento que insiste em nao silenciar! Refletindo sobre a palavra (nao a Palavra) busco entender os momentos em que silenciei. Algumas vezes o meu silencio foi criminoso pois diante da injustica permitiu que prevalecesse a iniquidade (injustica). Outras vezes covarde escolhi evitar confronto ou nao prolongar a discussao. Tambem ocorreram os momentos em que o silencio simplesmente expressou o cansaco da expressao!
Ja foi dito que o SER humano tem a necessidade de fazer-se conhecido, e o cansaco dessa missao nos leva a momentos de silencio, como em uma tentativa de SER silencioso.
Ha momentos em que queremos aquietar o barulho da existencia que pulsa dentro de nos desordenadamente. Estes momentos poderiam ser descritos como os insuportaveis sons que ecoam do SER e que gostariamos de silenciar! O proprio silencio parece fazer barulho quando a nossa alma encontra-se desconfortavel. Silencio e palavra parecem um casal imperfeito. Mas, assim como na musica as pausas fazem parte da cancao, assim tambem o silencio e parte integral do discurso, nao importando a sua origem ou intencao.
Nao usarei este artigo para falar sobre o silencio de Deus, mas quao eloquente ele se demonstrou em tantos momentos de nossas vidas! Tambem nao falarei sobre o silencio humano diante das “contradicoes” divinas.
Bem, aquilo que aparentemente era silencio tornou-se em palavras e percebi que tenho silenciado mais nos ultimos anos. Maturidade? Covardia? Reverencia? Omissao? Um pouco de cada um. Mais maduro economizando perolas que outrora desperdicei com os “porcos”. Ja nao mais com a coragem da juventude devo confessar que a covardia quer ser um sinal hipocrita da “maturidade”. Reverente diante da oratoria daqueles que mais eloquentes do que eu em muitas formas fazem-me “economizar” palavras. Omisso diante de tantas palavras soltas ao vento e que justificam-se a si mesmas pela eficacia dos atos que as precederam. Ao fim e ao cabo (a moda portuguesa de expressar) talvez o leitor teria preferido o silencio do autor!